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20060528

Tão Frágil.

Tão frágil.

Cobertos por uma máscara, nossos corpos cobertos por uma grossa casca, ressecada pela indiferença, por uma falsa moral e erijecida pelo nosso próprio orgulho, nunca percebemos o quanto somos realmente frágeis até que somos postos diante de situações que nos façam sentir profundamente tudo aquilo que temos enterrado dentro de nós. Muitas vezes basta uma pequena trinca para que tudo saia para fora. São somente emoções, muitas vezes sem lugar no mundo atual, uma sociedade em que julga frágil aquele que sente, o que teme, o que usa suas emoções e sentimentos juntamente com a lógica para criar novos caminhos.
Todos gostamos de carinho.
Todos queremos um pouquinho de atenção.
Estamos todos um pouco sozinhos.
Somos todos um pouco icompreendidos.
Somos felizes e tristes.
Felizes quando conseguimos ficar em paz com nossos sentimentos.
Tristes quando eles não nos deixam em paz.
Somos abençoados quando temos alguém com quem partilhar nossos sentimentos.
Sentimos, pensamos.
Dor, alegria, pânico, tristeza, felicidade, satisfação, depressão, orgulho, mágoa, inveja, raiva, prazer, desejo, ódio, etc...
Estados mentais químicos ? Neurotransmissores ? Sim. Simples ? Não.
Podemos manipulalos ? Sim. Podemos inibilos ? Também.
Mas isso não leva a felicidade, a satisfação verdadeira, ao prazer.
É como se ao usar joelheiras e cotoveleiras podemos evitar de nos machucar, mas é caindo e se machucando que damos a verdadeira importância a dor de se machucar, é aí que apredemos e crescemos. Não podemos usar joelheiras e cotoveleiras todo o tempo, isso nos tornaria insensíveis.
Viver é experimentar, se arriscar, tentar e falhar, aprender, se machucar.
Algumas das pessoas mais bem sucedidas ao longo de suas vidas também tiveram os inicios mais sofridos.
Porém vejo que por vezes elas também carregam um estigma negativo, acabam distorcendo a realidade a ponto de se cegarem. O que as vezes os leva até o sucesso também os impedem de serem felizes.
Creio que um caminho para um mundo mais feliz seria que as pessoas do novo milenio descobrissem uma forma de tratar seus sentimentos e o dos outros com tanta naturalidade quanto conversamos sobre todas as coisas da vida.
Ainda vejo muita raiva, muita desigualdade, muita maldade, tudo porque algumas pessoas simplesmente não conseguem compreender o que algumas outras sentem.
Se um dia eu podesse inventar algo, eu inventaria a "arma do ponto de vista", aquela que aparece no filme "mochileiros das galáxias". Aquela em que você atira e a pessoa que você acertou imediatamente sente tudo aquilo que você sente, e compreende imediatamente seu ponto de vista.
Muitas vezes, simplesmente explicar a outra pessoa não basta, porque nem sempre é fácil exprimir os sentimentos. E menos ainda fazer com que alguem os compreenda, ainda mais quando não estão dispostos a tal empenho.
Todos queremos ser compreendidos.
Todos queremos carinho.
Talvez porque o carinho seja uma forma não verbal de dizer, eu gosto de você.
E falando em não-verbal, o quanto nossa linguagem é limitada para transportar sentimentos, tanto que ao expressar sentimentos preferimos usar as mãos, seja para afagar quando sentimos que gostamos da pessoa, ou para golpear e espancar quando odiamos.
Urros de dor ou gemidos de prazer. Sexo ou luta. Armas ou flores.
Vemos que a linguagem falada realmente tem pouca utilidade nesse campo. Os poetas tentam a mais difícil das tarefas, colocar um afago numa folha de papel, ou igualmente outros sentimentos. Uma verdadeira arte.
Ah, a condição humana.
Por que sentimos ?
Por que amamos ? Por que odiamos ?
Sentimentos, talvez muito importante nos animais sociais, assim como o homem, os macacos, os que vivem em bandos.
E as formigas ? Os cupins ? Todos aqueles insetos, anêmonas, moluscos, e até unicelulares que vivem em grandes grupos ? Eles sentem ?
Alguns usam feromônios como as formigas, para que assim possam formar uma sociedade funcional. As abelhas usam movimentos, uma espécie de dança. Bem nós também temos nossos feromônios, e também dançamos. Talvez não da mesma maneira, mas ainda assim guardamos uma certa semelhança.
Temos cérebros complexos, mas antes do córtex evoluir nossos sentimentos eram muito mais predominantes sobre nossas ações.
Um eterno conflito entre sentimentos e razão. O cérebro antigo e o novo. Existe um acordo entre os dois ? Existe coexistencia ?
Existe diálogo ? Por que muitas vezes o que sentimos que queremos nem sempre é o melhor para nós ? Existe desentendimento até mesmo dentro de nós mesmos. Algumas pessoas paracem viver bem, outras vivem eternas batalhas com seus próprios sentimentos. O racional e o emocional. Como se pessoas muito diferetes tivessem nascido no mesmo corpo, fadadas a segui o mesmo destino, porém cada uma com sonhos diferetentes.
As vezes me vejo assim. Desejos que não fazem parte do meu futuro. Sonhos e fantasias. Maldição !!! Por que é sempre assim ? Um dia ficarei louco, se já não estou. Converso comigo mesmo por horas, em silencio, no meu quarto, dentro do carro, no banheiro, entre um passo e outro. Pelo menos nunca estou só. E nunca é uma conversa, não é verbal. É como pular dentro de um mundo novo, viver por alguns intantes numa realidade diferente, sentir diferentes sentimentos que jamais encontrarei palavras ou imagens para descrever. Queria ser um cineasta, um Spielberg, mostrar pro mundo um pouco disso.
Ah, como é dificil ser um engenheiro com alma de poeta.
Visões, invenções, idéias, e sentimentos. Revoltos numa verdadeira salada de pensamentos.
Em vez de poemas, os circuito mais belos.
Em vez de canções, as subrotinas mais revolucionarias.
Sentimentos recursivos num frenesi de funções do kernel.
Um cristal de clock no lugar de coração, pulsando ao rítimo efórico do silício.
A cada pulso, uma instrução, a cada instrução um pedacinho de rotina,
um pedacinho de uma idéia, um pequeno pensamento, quase uma sinapse,
estaria triste ou feliz, apático ou radiante, tudo depende da função.
Ora, ora, como eu queria ser o mais engenheiro dos poetas, triste ilusão
oh doce coração, apenas tenho que me contentar em ser o mais poeta dos engenheiros.
Aqui no meu peito bate retumbante um coração, um coração que bate por amor, idéias e bits.
mas que ao mesmo tempo é muito frágil.
Tão tão Frágil.

( por Ricardo Napoli )

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